julho 30, 2014

Quando um homem ama uma mulher

Quem conhece bem o AE ou passa por aqui acidentalmente saberá que quando escrevo sobre filmes é em estilo retro, uma vez que nunca estou em cima do acontecimento nestas matérias e raramente vou ao cinema desde há vários anos. De tal forma, que falo de filmes que já saíram e já foram vistos, com anos e anos em cima, frequentemente. Embora, e de qualquer forma, o cinema seja para mim arte intemporal.
Desta vez, vi a publicidade a este filme e resolvi escrever aqui algumas palavrinhas sobre o mesmo, apenas e apenas a partir do que vi no trailer. Uma história que vem mesmo a propósito, no meio da escalada do conflito israelo-palestiniano.



A história do filme será ficção, o que se passa praticamente na maioria das fitas todas que vamos vendo. Mas não deixará de ter raízes reais e quiçá ainda mais brutais. De forma simples: um rapaz palestiniano (ou de Gaza ou da Cisjordânia, não consegui perceber, tanto faz) ama uma rapariga que tem um irmão conhecido localmente. É-lhe dito, ao rapaz, se gostas da minha irmã e queres ficar com ela vem comigo e faz isto e isto. Um aliciante poderoso para fazer atos de terrorismo, em nome de uma causa. Fazem-se, ainda e sempre, muitas loucuras por amor. É depois preso pelos israelitas. Estes dizem-lhe se não trabalhares para nós a tua namorada é a primeira a sofrer as consequências. Atos de espionagem, em nome de uma causa. Liberdade ou defesa, o protagonista deste filme simbolizará bem a quantidade de gente que comete atos extremados por aquelas bandas porque alguém lhes faz vincar que podem perder os seus amores. Alargando agora esta tipologia, podem ser amantes, filhos, maridos, esposas, tios, avós, todos. Ou fazes assim ou eles é que sofrem as consequências ou, também, vais fazer assim porque apoiaremos os teus, dar-lhes-emos dinheiro, uma casa, proteção, cuidados de saúde. Ora se isto não é profundamente trágico, não sei. O encurralamento não é meramente físico, geográfico. Ele começa por ser violentamente psicológico.

(Nota informativa: este filme palestiniano foi nomeado para Melhor Filme Estrangeiro nos Óscares 2014.)

julho 29, 2014

Mistério




Dá-me a ideia de que grande parte das pessoas queridas nunca fala contra, nunca se queixa e, sobretudo, não dá um murro na mesa, figurativamente falando, claro. Ou seja, entram mudas e saem caladas. Lá, onde entram e de onde saem e quando era preciso falarem. Saber quando é que alguém que manifestamente não entra mudo nem sai calado pode adquirir o estatuto de ´querido´ é definitivamente uma incógnita.

julho 28, 2014

Determinismo cultural


Lendo o que muito se escreve pela blogosfera e nas redes sociais em que toda a gente opina em liberdade, nada contra, embora tenha o direito de eleger os que na minha perspetiva opinam bem, lendo tanta coisa e escrita por tanta gente, há algo que me tem ocupado os pensamentos: a ideia que perpassa de muitos posts, comentários ou afins que afirma ou insinua que certos povos não sabem viver sob determinadas prerrogativas ou liberdades. Por outras palavras, que há nações ou populações que foram feitas para existir sob um determinado número de coisas más, atrofiantes, ultrapassadas ou até desumanas. Ora isto é uma profunda forma de arrogância cultural. Colocar certos povos, cores ou credos sob um determinismo rácico, religioso, geográfico, histórico é inconcebível. É ridículo e falso. 
Há três momentos que retenho das minhas viagens nas outras duas décadas e um deles teve lugar em Paris, num dia comum em que visitava o parque temático da EuroDisney. Fazia sol, era maio, havia gente de todas as formas e feitios e uma coisa em comum: um profundo desejo de diversão, traduzido pela espera naquelas filas organizadas e longas, com filhos ou sem eles. O pensamento surgiu, dentro de mim, rápido e curto: todos mas todos aspiram às mesmas coisas, independentemente das fronteiras externas que os colocam de um lado ou do outro do globo terrestre. As barreiras interiores, as pancas, as taras, os desvios, as loucuras, elas existem, mas não são automaticamente transversais, não fazem parte da natureza de todos. O meio impõe-se sobre as escolhas individuais, muitas vezes, vezes demais, até podemos concluir, mas o ser humano, despojado de qualquer carga coletiva, no mais profundo do seu intimo, quer apenas ser feliz. Todos os povos o merecem, todos os povos o conseguem fazer, ainda que não ao mesmo tempo e da mesma forma simultaneamente. Considerar que só nós sabemos, conseguimos ou merecemos viver no bem e no bom é uma tremenda arrogância cultural, não me canso de repeti-lo. Nada é eterno, tudo se transforma. Recuso completamente, pois, a noção de determinismo cultural. 

julho 27, 2014

Bancos londrinos

Não se trata de alta finança, trata-se de literacia e literatura espalhadas pela cidade de Londres, como forma de aliciar para a leitura e para o conhecimento que a mesma proporciona. Desta forma, o projeto Books about Town traz para a capital britânica a ilustração de 50 livros em bancos da cidade. Aqui ficam alguns exemplos de uma fantástica ideia.







"A collaboration between the National Literacy Trust and Wild in Art, the BookBenches feature stories linked to London. (...) Visitors can discover the BookBenches by following literary trails in Greenwich, City of London, Riverside and Bloomsbury, until mid-September."

Mais, aqui.

julho 26, 2014

Familiaridade e profissionalismo



Considero-me bastante informal e absolutamente simples em termos de etiqueta e protocolo mas faz-me confusão quando se é demasiadamente familiar em contextos profissionais, sobretudo quando não há qualquer tipo de relação pessoal entre os intervenientes. Relato aqui três situações em que o excesso de à-vontade disfarçado de desejável simpatia me gelou instantaneamente a espinha. Porque continuo a considerar que o profissionalismo tem de passar por um outro (bom) tom.
1- Uma das assistentes sociais com quem articulei (na esfera do trabalho inerente ao caso de alunos com processos no Tribunal de Menores) pediu-me que lhe enviasse informações. Nunca vi a senhora e os meus (poucos) e-mails foram sempre cordiais, diretos e profissionais, como não poderiam deixar de ser. Na sequência do último, recebo as seguintes palavras: Olá, olá, mt obrigdinha (...) bjinhs (..). Obviamente que mal não vem ao mundo por causa disto, bom seria que todas as complicações fossem deste grau, mas realmente não me lembro de ter estabelecido com a pessoa em causa uma relação que justifique estes termos.
2- Nasceu uma priminha há 3 semanas e fui comprar-lhe umas roupas cor-de-rosinha, claro. Desloquei-me a uma loja onde habitualmente compro gangas e t-shirts para rapaz. A empregada que lá está na maioria das vezes fala muito e sorri muito, exageradamente, pois, mas lá se tolera porque não está de trombas (ainda é pior). Mas desta vez, e com várias pessoas na loja (é um espaço pequeno), perguntou em voz estridente se eu, como comprava coisas de menina, estava grávida. Senti um calafrio de alto a baixo. Na verdade, irritou-me estar a entrar dentro de uma intimidade que não partilhei, até porque não seria possível, de todo, fazê-lo. Respondi que não devia fazer essa pergunta, pois era e é íntimo (e é, até ser visível) e que as pessoas podiam não gostar. Pediu desculpa, ao menos. Mas confirma-se a simpatia pegajosa.
3- Há uma família muito simpática à frente de uma pastelaria aqui perto e onde vou quase diariamente. Mas, insisto, eu gosto do atendimento atencioso q.b., ou seja, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Há uma miúda que está a atender há algum tempo, é novita, com uma carinha muito bonitinha. O problema é que me trata por tu (não sei se é por influência venezuelana, de onde são todos oriundos) e está sempre a dizer "querida" (algo que geralmente só concebo de mais velha para mais nova ou entre pares) e a fazer perguntas completamente descabidas e atrevidas, situações a que vou respondendo com um sorriso a amarelecer ou com uma observação curta de outro tipo. O meu respeito pelos elementos mais velhos da família não me deixou ainda fazer uma observação maior.

julho 25, 2014

Nº 1

Ele era claramente bipolar. Todos os anos dava um salto ao Polo Norte em março e ao Polo Sul em setembro.

julho 23, 2014

Um conto de dois irmãos



A biblioteca municipal fica, felizmente, perto do local onde vivo. Trata-se de um local onde me dá muito prazer ir, tanto para trabalhar como para procurar informação ou entretenimento, de tal forma que habituei o pequeno a fazer o mesmo. Algumas vezes já lá estive a corrigir testes, por exemplo, numa área tranquila e luminosa de que gosto particularmente porque é a que tem os DVDs e o televisor com sofás para ver filmes. Está geralmente sem ninguém, aquele canto, pelo menos nos dias em que ultimamente lá consegui ir. Numa dessas tardes, após ter corrigido uma turma, e tendo ali algum tempo livre - foi no princípio de junho, curiosamente agora o trabalho é o dobro - por lá fiquei a ver as novidades. Que, a bem dizer, são quase todas, todos os DVDs, ou muitos. Pela simples razão de que levo quase 7 anos de atraso cinéfilo. Foi então que dei de caras com este filme de Woody Allen, Cassandra´s Dream, no original. Não o tinha visto e sentei-me a vê-lo. 
Não vi todos os filmes do Woody Allen mas dos que vi lembro-me de ter gostado. Também não estou particularmente preocupada com o facto de estar a ver determinado realizador e se gosto ou não e se é suposto gostar ou não. Vejo e pronto, conclusão no final. Neste caso, mais uma vez, gostei. Pelo que vi entretanto online, o filme recebeu algumas críticas mais negativas no sentido em que se esperava mais de um filme de Woody Allen, nomeadamente  por não ter o toque de comédia habitual nos seus filmes. Algo que me parece ter mudado no Woody Allen europeu, mais recente, mas também não vi Matchpoint nem Meia-noite em Paris, se bem que me parece que existe alguma comédia pelo menos no último.
Em Cassandra´s Dream a história é trágica, com dois irmãos marcados pela ambição a cometerem um crime por dinheiro a pedido de um tio. Este cobra-lhes a ajuda financeira com uma missão que eles não esperavam. O filme tem um toque de elegância até ao fim e mesmo o crime é filmado sob um ângulo que nunca deixa a fealdade ou violência do ato estragar a beleza dos cenários ingleses, dos dois atores e da lindíssima atriz  por quem um deles se apaixona. Gostei da interpretação de Ewan McGregor, com uns belos e densos olhos azuis e uma atitude que me fez lembrar o filme Look Back in Anger dos anos 50, e ainda mais da de Colin Farrel, cuja personagem passa uma inquietude e um consciente arrependimento fora do comum. Ficamos agitados, deste lado, só de ver a sua agitação, de tão real que a sua performance é.
A questão mais interessante que vi levantada online sobre este filme foi a de saber qual dos dois irmãos era o pior. Pessoalmente, e talvez apenas por instantes, quando e porque considera matar o próprio irmão, escolhi a de Ewan McGregor, claramente. Mas há quem diga o contrário, que o outro irmão, mais fraco porque mais facilmente manipulável e porque era viciado no jogo tomava comprimidos, era pior. Curioso foi ver que para muitos a questão da maldade ainda assenta nos vícios, à boa maneira da lei seca, enquanto que para mim ainda assenta no caráter.



julho 21, 2014

In the name of the truth

As time and will don´t let me write more than this:

Israel: Stop bombing and killing.
Hamas: Stop the rockets and the building of tunnels.
Israel: Stop colonizing Palestinian land. Stop invading villages ant taking land from both Muslim and Christian families.
Hamas: Stop extremism.
Israel: Stop evoking Holocaust to explain your actions. Stop the occupation.
World: Stop ignoring.
USA and Obama: Stop being biased.
UN: Stop the innaction.

julho 19, 2014

A seu tempo

                      

Veem-se imensos pais atuais com pressa de que os filhos cresçam depressa, antecipando mundos adultos que deveriam chegar apenas no seu tempo. Ou escravizam os miúdos com horários e atividades non-stop ou deixam-nos antever formas de entretenimento que não são próprias do seu mundo infantil. Lembrei-me mais uma vez disto a propósito da presença de crianças de 6, 7, 8, 9 anos em concertos pop ou rock (por exemplo, estavam várias no dos Rolling Stones, vi nas reportagens televisivas). Também já vi, tempos idos, muitas crianças pequenas em cafés até às duas da manhã, de forma que diria quase habitual. Interrogo-me se as crianças conseguem apreciar este tipo de divertimentos ou se são os pais que promovem estas coisas por pura vaidade - pode ser por ignorância, mas não acredito. Ou se os pais não conseguem colocar o bem estar dos garotos à frente dos seus próprios interesses de diversão. Sou um bocado fundamentalista nestas coisas, voilá, nobody is perfect - considero que se deve controlar as horas de deitar dos miúdos, que se deve controlar os seus hábitos alimentares, que se deve controlar as imagens que veem na TV, que se deve controlar o tipo de coisas que têm no quarto, que se deve controlar o uso de palavrões, que se deve controlar a obsessão por marcas, que se deve controlar o descanso e que se deve controlar o encanto do imaginário infantil. E quando a palavra controlar soar feia e não for aplicável substitua-se por respeitar. As pessoas grandes não estão, muitas vezes, para fazer sacrifícios em favor das mais pequenas. E arrastam-nas consigo para horas e locais que não são os destas. Ou então querem à viva força que os rebentos saibam tudo, vejam tudo, façam tudo o mais cedo possível, como vantagem sobre os outros. Nada a apontar sobre o desejo de sucesso dos nossos filhos, é naturalíssimo, mas importa também refletir a que preço. As crianças não têm tempo para ser crianças, sendo atiradas para espaços e horários que afetam o seu bem estar, concentração e afetos, constituindo estes o pilar do seu esperado e harmonioso desenvolvimento emocional. Sem muitos dramas nem cultivando os traumas, a verdade é que nestas matérias costumo estar do lado dos psicólogos. Dê-se afeto e tranquilidade aos miúdos, isso é que é o que realmente mais importa. E, sobretudo, tempo. Tempo em várias e essenciais formas.

julho 16, 2014

Desertificação


É gritante e salta a olhos vistos. Há uma debandada, em grande escala, das pessoas dos locais de emprego e, em extremas circunstâncias, do próprio país. As filas nos serviços, nas lojas, supermercados e em tudo o mais são enormes, a prestação de serviços e atendimento arrastam-se lentamente e os que ficam, por sorte ou algo mais, estão sobrecarregados de trabalho. E ganham cada vez menos, claro. Cortes, dizem. Ora aqui está uma outra coisa que já não posso ouvir. Ou sentir. Pois o único corte que é manifestamente positivo, a meu ver, é o do cabelo, a pedido e se sair bem. A palavra corta, essa, só me soa bem se ao som de uma claquete de cinema. Bom seria, já agora e a propósito, que este ataque à dignidade de várias formas fosse mera ficção.

julho 15, 2014

Da raiz do(s) problema(s)


Este ano, por razões profissionais, sobretudo, tenho andado mais distante da blogosfera. Tenho sentido imensas dificuldades em manter o blogue e às vezes penso mesmo em terminar esta aventura. É preciso tempo, disponibilidades várias, coisas que por vezes escasseiam, especialmente quando a nossa atividade profissional é absorvente e se tem uma vida pessoal e familiar que não se quer descurar. Desta forma, não tenho tido oportunidade para ler os outros que tão bem pensam ou escrevem. Em todo o caso, no outro dia dei uma espreitadela a alguns blogues, poucos, é certo, e roubei um excerto de um post que agora transcrevo aqui. Trata-se de uma belíssima reflexão que espelha o modo em que vivemos, ainda que alguns digam que não, por estarem tão metidos na engrenagem que nem o notam ou porque há a ideia que, de alguma forma, assim é que deve ser.

O mundo contemporâneo parece basear-se na ansiedade permanente em relação ao eu. Ninguém se pode sentir bem na sua pele com a obsessão geral de que é preciso ser mais belo e mais jovem e mais rico e mais inteligente e ainda mais elegante e mais sofisticado e mais tudo. Somos constantemente bombardeados por desejos que não podemos concretizar e cada pessoa sonha intensamente em sair de si própria. Assim, a raiz da insatisfação moderna pode estar na forma como nos habituámos a olhar sobretudo para as imperfeições. A sociedade e a cultura são pinturas exageradas das nossas vidas. E, sendo o mundo cada vez mais complexo, queremos tudo simplificado, queremos poder pensar o menos possível, pois já não temos tempo, a mente ocupada com as catástrofes iminentes que o acaso plantou no nosso caminho. E assim estamos quando os prazeres não nos anestesiam.

Não o diria melhor, impossível. Por Luís Naves, em O Fragmentário.

julho 14, 2014

Verdadeiramente

Pode falar-se, dizer-se tudo acerca de nós. A partir de uma certa altura, cada um identifique a sua, deixa de importar. A verdade dos outros não é - e nunca será - tão importante e verdadeira quanto a nossa.



julho 12, 2014

O tempo dos escravos


Há gente que trabalha e trabalha sem um queixume e sem qualquer espécie de reivindicação, mesmo quando as condições de trabalho se tornam cada vez mais adversas e injustas. Não sei se lhes admire esta notável capacidade de sacrifício se lhes critique este espírito acomodado que em nada beneficia o avanço nas condições laborais. Esqueçamos a crise, até porque não é disso que se trata. Trata-se de um modo de estar, perfeitamente legítimo, que se traduz por uma incrível resistência e uma frequente ausência de ideias próprias. Estes são os trabalhadores, funcionários mais desejados, aqueles a quem chamo de executantes. São, naturalmente, os preferidos das chefias, dos chefes, daqueles que agradecem este caráter, sempre obediente e conformado. Os que ousam queixar-se, barafustar, recusar ou manifestar uma ideia contrária dão muito trabalho e, por causa desta coragem moral, cansam-se muito mais, curiosa mas obviamente. É muito difícil bater contra muros de resignação e de espíritos formatados e mecânicos. Estamos em época perigosa - porque ainda damos graças a deus por termos emprego (e damos) vamos deixando que nos pisem e nos explorem até mais não, degradando-se os nossos dias de várias formas. E calando-nos, sendo resilientes e cumpridores, mesmo quando não devíamos ser, lá vamos contribuindo para a proliferação de chefias medíocres e de condições no local de emprego também cada vez mais medíocres. Trabalhar é preciso, embora uns trabalhem para viver e outros vivam para trabalhar. É justo, é igualmente legítimo. Agora não nos digam que o trabalho deve ser cumprido a qualquer preço nem que os executantes são melhores do que os outros. Porque se os tornarmos melhores, qualquer dia estamos como na revolução industrial - e estamos, em muitas partes do globo, por necessidade extrema de uns e ganância escravizante de outros. Aqui, o retrocesso vai dando passos seguros, quer fruto do medo - a questão de sobrevivência - quer fruto da resignação missionária que muitos cultivam, quando não havia necessidade para tal. Quem pode, não deve calar. A resistência não deve ser só física, deve ser também, e neste caso, sobretudo moral. Mas também é possível que a obediência cega e muda se possa basear em ambições pessoais que, afinal, nada têm de missão.

julho 07, 2014

Um outro verão azul

Chegaram há dias duas meninas ucranianas à minha vizinhança para passarem o verão. Foi-me dito por um vizinho amigo com quem estive à conversa sobre este assunto,  um pouco alheada do facto desse programa - decorrente da tragédia de Chernobyl - ainda estar a decorrer, pensando eu que já se tinham superado os efeitos da tragédia nas crianças, catástrofe muito falada na altura e por razões mais do que tragicamente óbvias. Comoveu-me saber que quanto mais sol e praia apanharem mais anos de vida poderão ter. Nesse dia o céu estava carregado de nuvens e desejei ainda mais o sol de que tanto gosto por causa delas, das minhas novas vizinhas, que ainda não conheci.
Fui fã da série espanhola que o título do post evoca, que marcou a minha e outras gerações, já que foi sendo repetida durante anos a fio. Agora, esta série que representa prolongar a existência destas crianças também é algo para tocante e seriamente apreciar. 

julho 02, 2014

Jogadores, jogadores, beleza à parte

                       
         
Partilho aqui uma questão curiosa, especialmente com os membros do sexo feminino que passam ou poderão passar por aqui. É minha impressão ou os jogadores de futebol estão cada vez mais feios? Passo a explicar. Não tenho visto quase nada do Mundial 2014, apenas está a televisão ligada nessas alturas, porque o pequeno desenvolveu um interesse agudo pelo evento, chegando ao ponto de dizer que não pode perder nenhum jogo e falando em jogadores que não conheço mas que estão lá, existem, e de que maneira. Ora, este interesse começou pela aquisição da caderneta e foi a partir desta que o meu post nasceu.
Ao folheá-la confirmei aquilo de que já desconfiava - a tal minha impressão - de que já não se fazem jogadores bonitos como dantes. Ou eles apostam no feio porque querem ser levados a sério, quer dizer, vender uma imagem mais alternativa, algumas vezes, ou eu já alterei o meu padrão estético com a idade, é possível. São ou estão todos, bem, quase todos, perfeitamente longe da beleza que já vi passear em campo noutros tempos. Onde vi umas 2, 3 carinhas larocas, no máximo? Na Bósnia, é verdade, que pus em primeiro, na Alemanha, na Suíça, até penso que nos EUA, sim, estes com 3 ou 4. Holanda e Austrália talvez com 2. Também considerei o mesmo na Costa Rica, para fugir da tonalidade menos bronzeada, o que me agradou também. Nesta linha, a Argentina, não estando totalmente bem, também não está muito mal. Na Itália ia apanhando um susto. Tive de voltar a ver o nome do país em cima, não fosse estar na página errada. Mas então onde estão os italianos herdeiros dos romanos, pelo menos daqueles que aparecem nos filmes e nas séries? Em Portugal, a mesma coisa, parece que o efeito Rui Meireles é contagioso. E na Grécia? Por momentos, pensei tratar-se da equipa taliban do Afeganistão, nada contra os afegãos, há gente bonita em todo o lado, mas não é de todo o meu conceito de beleza a combinação barbas e roupas de guerrilheiro. Ora aqui está mais uma razão para continuar a não ver futebol.