janeiro 25, 2014

Erros meus, má fortuna



Sempre o ouvimos e repetimos. Os erros pagam-se caro. Por vezes, em demasia. Por muito que façamos as coisas sem verdadeira malícia ou sem premeditação no presente, na voragem das emoções ou no desnorte da razão, a verdade é que o passado volta muitas vezes, ensombrando um futuro que sempre se desejou mais risonho e estável. Por vezes, um deslize agora tem consequências gigantescas lá mais à frente. Lembrei-me disto enquanto via, esta semana, as reportagens sobre os jogadores de futebol que já foram grandes e que atravessam dificuldades várias atualmente. Por causa de um em particular e de uma situação que veio, muito provavelmente, desmoronar tudo. Mas podia lembrar-me disto sem ver reportagem nenhuma. Sabemos, devíamos saber. Ainda que o fator sorte seja determinante para alguém se aguentar lá em cima ou não, não deixa de ser verdade que dela depende também muita da nossa ação individual. 
Esta teoria tem, ainda assim, um senão. Muitas vezes assistimos a grandes infortúnios que são tremendamente injustos. Que mal fizeram A ou B, perguntamos frequentemente. Na verdade, em muitos casos, nenhum. Sobretudo se se trata de crianças inocentes ou pessoas claramente bondosas que não escolheram nem tiveram qualquer responsabilidade no surgimento das tragédias. Injusto, profundamente tocante e um travo a revolta são coisas que dizemos e sentimos perante más fortunas que não deviam simplesmente ocorrer. Outras vezes, e não poucas, experimentamos na pele aquilo que fizemos ou dissemos, impulsivamente, no descontrolo ou na escolha atrevida ou perigosa que fizemos. E só mais tarde, só depois dos efeitos dos nossos atos resultarem em desastres pessoais, familiares, profissionais, financeiros, etc, é que olhamos para trás e vemos que não fomos justos. Justos ou razoáveis, bons ou inteligentes, hábeis ou sinceros. Só quando já não vale a pena chorar pelo leite derramado.
Há desaires terríveis, alheios à nossa vontade e à nossa ação. Esses são o choque, a má sorte. Há outros que são fruto de atos conscientes, da aventura inconsciente que se quis ter em determinado campo ou área. Podem continuar a ser chocantes, são-no, mas derivam apenas da nossa tão grande culpa. 

2 comentários:

  1. O grave é que há muitos que erram e nunca pagam porque alguém paga por eles.

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Dentro dessa perspetiva social e política, é bem possível. :) :(

      Eliminar