janeiro 30, 2014

Aniversariando



Abre-se o Google e lá está a imagem personalizada para nós, ou melhor, a imagem poderá ser repetida mas o nome acaba em y e é só meu. De qualquer forma, a imagem pode e deve ser repetida, para o ano e durante muitos e bons, como sói dizer-se. Como está na cover photo do meu mural FB, ficar mais velho é apenas um (grande) privilégio. Que a ele tenhamos acesso, oh sim. 

janeiro 29, 2014

Os dias difíceis


Mais um dia de histórias terríveis, no passado e no presente. Tão bom seria que não se estendessem ao futuro. Lágrimas que já foram, ainda lágrimas agora, à espera de sorrisos e risos lá mais adiante. Alegria e dor misturadas naquilo que é ser mãe e pai. O que fazer, todos perguntam. Respostas certas não há, pois não dependem apenas de nós, sentados frente a frente. Queria dá-las, a solução mágica, tirar-lhes a dor e deixar só a alegria. Queria muito, quero, mas sozinha e sozinhos não poderemos. Faltam eles, os que nada parecem sentir, que se arrastam à procura de um significado que não está lá, que se movem num vazio de afetos e de objetivos, sem amor, por eles e pelos deles. Faltam as suas escolhas ou tão somente a liberdade que julgam ter mas não têm. Prisioneiros da palermice, da descoberta tola e da idade que não os deixa projetar e antever o depois. Quem tiver respostas, é dá-las, darei-as eu a quem as quero dar. Ou então resta esperar. E na espera a dor continuará a sufocar a alegria. Ao menos que esta venha depois da espera. Pode ser que sim, acreditemos. Pode ser que não.

janeiro 28, 2014

Curiosidades de gatos

           

Não tenho gatos e aprecio mais os seus primos selvagens, os "big cats" felinos. Pelo menos ao longe, via televisão, se possível filmados pela BBC. Mas compreendo que os gatos sejam uma excelente companhia com o seu ronron manhoso e engraçado. Aprecio ainda mais as formas de arte que povoam este nosso enorme imaginário criativo. Por isso, admito que isto está genial. G(r)atos estaremos, pois, ao FB já que me deixou roubar esta curiosa coleção.

janeiro 27, 2014

Valentia tunisina


                           

Histórico, sem dúvida. A primeira das revoluções árabes foi também a menos tortuosa e a menos trágica. Ainda assim assassinatos de líderes da oposição e tumultos vários fizeram alguma mossa na confiança vestida de jasmim nestes três anos. Conhecendo muitos tunisinos como conheço, espantar-me-ia se o resultado fosse contrário aos desígnios de quem justamente derrubou o antigo presidente. Mas era possível, era bem possível que os caminhos da escuridão apagassem a luz da esperança numa sociedade mais justa e democrática. Para já, esta nova constituição, com a aprovação de uma esmagadora maioria no parlamento, deixa antever que esse sonho não é impossível e que não há religião nem cultura nem nação que não seja capaz de traçar um futuro melhor. Basta organizar-se, resistir, refletir e andar em frente. Nenhum povo é incompatível com a modernidade. Consagrar na sua constituição a igualdade entre géneros e permitir a liberdade religiosa, incluindo o ateísmo - já conheci bastantes árabes ateus - não é para todos. Sobretudo para quem sempre nos habituámos a ver porque nos habituaram a ver como retrógados e em clivagem com os valores das liberdades várias. Espero que este dia seja o início de novos tempos para os descendentes dos valentes cartagineses. Até aqui, a revolução foi valente, esta votação também. Resta esperar que o que virá, a todos os níveis, também não lhe fique atrás. Sobretudo a economia e a melhoria significativa das condições de vida da população. Não havendo democracias perfeitas, nem tão-pouco sociedades.

Ler mais, aqui.

janeiro 26, 2014

A última caminhada



Um dos assuntos destes dias - e naturalmente - é a praxe académica. Já li opiniões certíssimas sobre o assunto e não irei acrescentar nada de novo nem dizê-lo melhor. De qualquer maneira, aqui fica um registo pessoal.
Não gosto de praxes, nada, nada, e senti-me desconfortável quando eu própria fui praxada, na Universidade de Aveiro, há anos e anos. Apesar de ter sido ligeira, relativamente ao que se via e vem vendo, a verdade é que me deixou algo apreensiva e envergonhada. Eu e as minhas colegas com quem estava na altura, sobretudo as da/o turma/curso. E não vejo as vantagens desse estado de alma, porque no meu caso nunca chegou ao verdadeiro divertimento e à euforia. Contrariado ninguém pode ser feliz, certo? 
É falso, totalmente falso, quando se defende a praxe como um primeiro passo para a integração. No meu caso, novamente, as pessoas que a fizeram nunca mais me ligaram, nem sequer me dirigiram a palavra. Também é verdade que não me lembro delas. Apenas recordo um aluno e digo o mesmo em relação a ele. Nunca fui de grupos nem de copos, ainda por cima, estudava e vivia em casa dos meus pais, não estava fora. De maneira que fui tudo menos popular na vida académica. Sim, tive os meus momentos de diversão, mas saudáveis e longe da boémia constante e noctívaga de outros. Era nova e financeiramente dependente dos meus pais, tive isso sempre em mente, para o bem ou para o mal.
Hoje em dia tenho uma notável - e até antipática - capacidade para dizer não. Não sei se a tinha na altura, era mais insegura e, claro, mais inexperiente. Daí que não me surpreenda quem não consiga fazê-lo, mas aí também depende do que nos pedem ou obrigam. Claramente. Ainda assim, penso que há medos nos caloiros - um deles é o de que os marginalizem, os achem demasiado caretas, sem graça nem espírito de diversão. Também acho que foi o que pensei na altura, que se não achasse graça a certas coisas, e foram leves, o erro estaria em mim. Estupidez monumental, impensável desde há tempos e tempos mas que é possível ocorrer em idades menos sábias. 
No presente caso de que toda a gente fala, a estupidez é levada ao mais absoluto extremo. Ainda assim, pesa mais para o lado de quem praxa, como sempre e como é mais do que óbvio. Porque exercem um domínio inqualificável sobre quem não sabe ou soube defender-se. Um domínio que está para além da minha compreensão. Pois uma enorme dificuldade tenho em compreender o que se retira de divertido, positivo e construtivo deste tipo de experiências. E não compreendo, assim sendo, para onde se vai com elas.

janeiro 25, 2014

Erros meus, má fortuna



Sempre o ouvimos e repetimos. Os erros pagam-se caro. Por vezes, em demasia. Por muito que façamos as coisas sem verdadeira malícia ou sem premeditação no presente, na voragem das emoções ou no desnorte da razão, a verdade é que o passado volta muitas vezes, ensombrando um futuro que sempre se desejou mais risonho e estável. Por vezes, um deslize agora tem consequências gigantescas lá mais à frente. Lembrei-me disto enquanto via, esta semana, as reportagens sobre os jogadores de futebol que já foram grandes e que atravessam dificuldades várias atualmente. Por causa de um em particular e de uma situação que veio, muito provavelmente, desmoronar tudo. Mas podia lembrar-me disto sem ver reportagem nenhuma. Sabemos, devíamos saber. Ainda que o fator sorte seja determinante para alguém se aguentar lá em cima ou não, não deixa de ser verdade que dela depende também muita da nossa ação individual. 
Esta teoria tem, ainda assim, um senão. Muitas vezes assistimos a grandes infortúnios que são tremendamente injustos. Que mal fizeram A ou B, perguntamos frequentemente. Na verdade, em muitos casos, nenhum. Sobretudo se se trata de crianças inocentes ou pessoas claramente bondosas que não escolheram nem tiveram qualquer responsabilidade no surgimento das tragédias. Injusto, profundamente tocante e um travo a revolta são coisas que dizemos e sentimos perante más fortunas que não deviam simplesmente ocorrer. Outras vezes, e não poucas, experimentamos na pele aquilo que fizemos ou dissemos, impulsivamente, no descontrolo ou na escolha atrevida ou perigosa que fizemos. E só mais tarde, só depois dos efeitos dos nossos atos resultarem em desastres pessoais, familiares, profissionais, financeiros, etc, é que olhamos para trás e vemos que não fomos justos. Justos ou razoáveis, bons ou inteligentes, hábeis ou sinceros. Só quando já não vale a pena chorar pelo leite derramado.
Há desaires terríveis, alheios à nossa vontade e à nossa ação. Esses são o choque, a má sorte. Há outros que são fruto de atos conscientes, da aventura inconsciente que se quis ter em determinado campo ou área. Podem continuar a ser chocantes, são-no, mas derivam apenas da nossa tão grande culpa. 

janeiro 24, 2014

Hey dude



Aparecem-me cada vez mais vários comentários spam. Apago-os e depois voltam a aparecer outros. O post que se mantém no top em primeiro lugar aí ao lado assim está posicionado apenas porque todos os comentários spam vão cair lá direitinhos. Wonder why.
Ainda me lembro da primeira vez que recebi um comentário spam aqui no AE. Na altura o mesmo era muito veemente na crítica que me fazia e eu respondi, peito feito, inocência das inocências. Só depois me apercebi que quando clicava no autor do comentário aparecia algo pouco, digamos, recomendável.  Enfim, coisas de quem nada sabia de blogosfera.
Não sabendo muito muito mais agora, ainda assim lá vou apagando os que vou recebendo (e repito que são cada vez mais, o que não me garante que seja mau nem bom). Mas aquilo que quero partilhar aqui é que, sendo todos em inglês, um dos últimos dizia hey dude you´ve done a great job here ou coisa do género.
Esclarecendo quem não vê a foto lá em baixo à direita nem reconhece este meu nome: eu não sou (um) dude. Não sou um homem, nem um tipo, nem um pá, nem nada disso. Às vezes digo que devia ter nascido homem, admito, mas é só quando estou a fazer limpezas, a suar e a praguejar ao mesmo tempo. Depois passa. Estamos esclarecidos, caros comentaristas spam? 

janeiro 23, 2014

O fumo e o fogo

                     

Há muitos dias e mais dias que ando a dizer "burro é aquele que arranja lenha para se queimar". Não me ouvem, não me ouvem. Ou então escutam, silenciam, anuem, para logo a seguir fazerem precisamente o contrário. Destroem diariamente não só as expetativas de quem os ama, independentemente da forma, mas as de outros que os veem brincar com o fogo. Destroem, sobretudo, aquilo que poderia ser e seria. Caminhos mais límpidos e mais promissores. As cabeças deitam fumo. Bom seria de tanto pensarem, neles e em quem os quer bem. A vontade é fraca, a liberdade confunde-se com transgressão, a reputação quer-se má, as promessas não subsistem. Fácil é não resistir. Na verdade, difícil é resistir no meio da exalação inebriante. A chama arde e queima-se o futuro. Porque no presente este fumo vem com fogo.

janeiro 22, 2014

Ascensão e queda


Hoje ao almoço falávamos da reportagem ontem exibida acerca do ex-futebolista Jorge Cadete. Pessoalmente, e apesar de saber que vários jogadores de futebol aclamados nos relvados mais tarde passam dificuldades, à semelhança de muitos artistas de teatro e televisão, por exemplo, pessoalmente, digo, chocou-me sabê-lo assim.
Aceitemos que "estoirou tudo", porque é possível. Mas ainda assim isso não me deixa propriamente contente. Sabemos que grandes fortunas, conseguidas em várias esferas, muitas vezes são perdidas por más gestões, apostas erradas e uma tremenda falta de sorte. Ou tudo em simultâneo. Acontece que ver alguém que já foi aplaudido por multidões em evidente sofrimento, tal como ver alguém em idêntico sofrimento que já pisou os palcos com êxito, não é algo que me seja agradável. Mesmo se a pessoa em causa cometeu erros. Tantos outros cometem tantos outros e vão-se safando, protegidos por alguma sorte ou por bons amigos, ou ambos.
Mas aquilo que mais me impressionou foi ver que a par da desgraça financeira se juntou o infortúnio familiar e afetivo. Ou seja, o ex-jogador não tem neste momento um pilar de apoio que poderia ser uma companheira e/ou possivelmente filhos (tem uma filha adulta, com a qual não tem relação). Sintomático é os amores correrem bem quando se está na mó de cima e o dinheiro rola e correrem mal quando se está quase literalmente na fossa. Estranhos são os desígnios de certos amores. Ou estranhos são os caminhos da sorte que foge a uns enquanto ampara outros. Estranhos são ainda os fenómenos de ascensão e queda, independentemente das razões, a que também ninguém estará completamente imune. 

janeiro 21, 2014

O romance do amor


Quando andava na universidade o meu professor preferido, que só encontrei no terceiro ano, sorriu enquanto confirmava "So you´ve read Lady Chatterley´s Lover?". Imagino que deva ter achado graça porque o romance só foi impresso e lido na integra nos anos 60 em Inglaterra e deu que falar ainda assim. É uma história controversa, que chocou a sua época, sobre a relação física que passa a amor entre uma jovem aristocrata e um dos seus empregados. Do marido, mais propriamente. Este último está paralisado da cintura para baixo, consequência da guerra, e a esposa irá (re)descobrir o amor sensual com alguém claramente abaixo do seu estatuto. 
Eu li o livro no original, a tal "unexpurgated version of 1928", numa versão pocket book, e achei muito difíceis as passagens em que Mellors usa o dialeto. Connie não gostava e eu muito menos, porque me trouxe dificuldades acrescidas. Ainda mais, na altura, sabia menos inglês. A linguagem tinha de causar sururu, estava-se em 1928 quando foi publicado pela primeira vez em Itália e havia palavras que certamente não haviam sido impressas nunca anteriormente. Não num romance desta natureza, ao alcance de todos. Mas muito mais do que o impacto das passagens ou cenas de sexo ou do escândalo que sempre representa o adultério, a obra marca por uma singularidade feminina: a necessidade de atenção, mimo, carícias, afeto, toque, ternura. Tanto que a componente meramente química e sexual do início da relação é ultrapassada pelo amor crescente que a protagonista vai sentindo. 
Eu vi a adaptação deste romance (novel) à televisão tendo como protagonistas os britânicos Joely Richardson e Sean Bean. E claramente acho que o livro ganhou com essa projeção no écrã (apesar do final diferir do do livro). A interpretação do ator, ao vivo e a cores, deu muito mais ímpeto à personagem masculina, por exemplo. De  especulativo porque apenas na imaginação, passamos a um cenário com sonora emoção e movimento. Mas aquilo de que lembro é da cena em que Connie está num pequeno barco com o marido. Ele fala de política ou de filosofia, é a tal memória incompleta de que padeço, e ela está entediada. Até que confessa que está farta do virtuosismo intelectual, se não falho também as palavras usadas. Ele espanta-se e pergunta se é preferível o animal. Ora bem, não é que ela - e qualquer mulher - viva exclusivamente para a carne, de todo, do amor carnal pode nascer uma ligação espiritual gigantesca. Pode, resumindo, nascer o amor. E a mulher, que os homens se lembrem disso, raramente passa sem ele. E sobretudo sem todo o romance (e não novel, aqui) que ele acaba por trazer consigo.


O link para a série fica aqui.

janeiro 20, 2014

Melhor do que lhes dar o peixe




A proteção deve ser q.b. Sobretudo não pode abafar a autonomia. Associa-se normalmente, pelo menos assim tenho observado, as personalidades protetoras à bondade e às que não são ao egoísmo. Ou seja ser protetor é uma qualidade, não ser é um defeito. Volto a dizer que a proteção pode ser inibidora, paralisante. E que é preciso fomentar a autonomia. Nos filhos, nos alunos. Ainda na semana passada analisava isto na aula - o facto das famílias portuguesas, e mediterrânicas em geral, perpetuarem uma cultura de colo e dependência consideráveis. Que se prolonga cada vez mais até mais tarde. Ao invés, mencionámos as famílias mais a norte, onde é comum as pessoas obterem a independência familiar muito mais cedo. Já conheci, por exemplo, alguns árabes que estão na UA aqui em Aveiro que assumidamente gostam de Portugal pela noção de família ainda ser semelhante à deles, onde essa união é levada a extremos maiores, para o melhor e para o pior.
Aqui a autonomia não é muito apreciada. A pessoa independente não é propriamente a favorita porque a ideia de grupo e do coletivo associados à generosidade é frequentemente apregoada.  Se coisas medíocres são feitas em equipa tudo bem. Se coisas grandes são feitas a título individual nada bem. O conceito de "resourcefulness" está pouco difundido, nomeadamente nos critérios de avaliação de muita coisa à nossa volta. Trabalho colaborativo, cooperação, são usualmente privilegiados. Daí que se veja, é possível, a autonomia como um defeito. Afinal, trata-se de uma afronta. Alguém que não precisa de nós, que prescinde da nossa ajuda, que realiza sem nós, isto não é fácil de aceitar. Para quem gosta de se sentir insubstituível e fulcral nalguma área ou campo.
Mas falava da proteção. Tanto com os nossos filhos como com os filhos dos outros, há que lhes fornecer armas para sobreviverem nas batalhas diárias que vamos todos tendo. Levá-los a defenderem-se, levá-los a pensarem, levá-los a aventurarem-se, levá-los a descobrirem, levá-los a concluírem, levá-los a realizarem. No fundo, arranjar-lhes uma cana de pesca.

janeiro 18, 2014

Rear window


Come, come, here they come!
A bit later than usual, I should say.
Yes, but look, another umbrella.
Yes, another umbrella.
I wonder where they´ll go this time.
Scares me to death just to think of it.
Nobody knows but us.
Which scares me even more.
We could tell the police.
We could.
We should.
Should we? What should we say?
The truth.
What truth? That we´ve found hundreds of colourful umbrellas abandoned in an alley?
At least somebody else would know.

En passant


No outro dia li já não sei onde que a questão de estarmos aqui de passagem é um conceito ligado à autoajuda. Ora como defendo precisamente isso, sobretudo em alguns aspetos do quotidiano, devo concluir que me insiro nessa corrente, tão menorizada por tantos. Entretanto fico na dúvida se tal visão me é benéfica ou não. Mas outra inquietação me assola já. É que sempre vi esta questão como uma perspetiva existencial. E porque tenho um fraquinho considerável por existencialistas a coisa parecia-me interessante, profunda e irresistivelmente filosófica. Afinal, de nada disso se trata. Esta minha mania de falar da existência por aqui, sem conhecimento teórico absolutamente nenhum para a apoiar e fundamentar, é então uma tonta ousadia que não é para pensadores. Mas se for - a ser - para sofredores, como acabamos por ser todos nós de alguma forma, será assim tão mau?

janeiro 17, 2014

Território sem dono


Isto não é politicamente correto nem idealista, na verdade estou a cansar-me da visão idílica das coisas e da dicotomia esquerda/direita e da forma como ela condiciona a visão dessas mesmas coisas. Por isso, aqui vai.
A igualdade absoluta nunca será uma realidade. Ilude-se quem assim pensa, é um mito. A igualdade de oportunidades, sim, é possível, tem de ser possível. Defendo-a e considero-a essencial e um direito inalienável de qualquer ser humano. Mas o que se fará com ela nunca será igual. Pois diferentes são aqueles que de circunstâncias iguais podem partir. Não existem apenas bons caráteres, boas escolhas, bons caminhos e boas ideias. Experimente-se dar uma quantia exorbitante a dois indivíduos e dê-se um prazo de algum tempo, um tempo considerável, para ver o que fazem com ela. Poderão vir com resultados completamente diferentes. Da mesma forma, veja-se o que fazem dois indivíduos com a mesma instrução, o mesmo grau de escolaridade. O percurso e o sucesso poderão ser completamente diferentes. Arranje-se duas famílias completamente estruturadas, em termos afetivos e financeiros. Os seus filhos poderão evoluir de formas completamente díspares. Há uma coisa subjacente à natureza dos seres humanos, que é a atração pelo abismo. Nenhuma sociedade será perfeita um dia e mesmo se o fosse não seria nem será garante nenhum contra a natureza de cada um e as más apostas que possam fazer. O perigo e o desvio farão sempre parte da existência. Termino dizendo que não gosto da direita quando contribui para o apartheid de oportunidades, mantendo as elites e sacrificando os outros. E não gosto da esquerda utópica que sonha com o impossível, partindo do pressuposto que a igualdade total é alcançável. Posto isto, espero escrever pouquíssimo sobre política (e, vou tentar, sobre educação) doravante aqui no AE. Ou se porventura prevaricar e escrever será, como sempre, de acordo com o prisma pessoal, segundo o que penso, observo e absorvo. Sou, e assim quero manter-me, um país livre.

janeiro 16, 2014

Coisas com graça

                 

1. A conta do CDS na Meta dos Leitões (casa que conheço, afinal também eu sou daqui perto desta região); roubar ao governo porque nos rouba a nós não é uma má ideia, admita-se. Tudo isto tem graça, muita. Pela petulante ousadia e pela destemida coragem no famoso restaurante. 
2. A reação do treinador Vítor Pereira na Árabia Saudita quando é manifestamente censurado na conferência de imprensa. Não que ver uma pessoa exaltada seja divertido. Mas quando ele diz "This is a free country" não há como não achar piada. O seu repetido "true" para truth também não se saiu nada mal.
3. A descoberta de que o aparentemente sem graça presidente francês é afinal um leonino conquistador. Mas atenção, não falo de paixões clubísticas, é mesmo do facto de ele ter nascido em agosto e exalar, ao que parece, romance por todos os poros, para não fugir à regra. Temos Leão.
4. Um miúdo fala mentira a querer dizer verdade: de uma soma de 2.60 euros para umas fotocópias para um manual inteiro diz ter gastado 8 na compra do manual em si. Mas o manual novo custa 5, digo. Onde o compraste? Comprei-o ao X. O X já passou para o ano seguinte e fez, pelos vistos, um bom negócio. A não ser que o X lhe tenha dado o manual já usado e a soma foi-se. Para coisas que eu cá sei. E que ele não diz. Esta graça, todavia, não deixa de ser desgraça. Sobretudo para quem ele quer enganar - a mãe.
5. A recente descoberta nacional de que temos um Panteão não deixa de ser engraçada. Estamos em 2014 e ainda vamos a tempo, acrescente-se. E pode ainda esta palavra concorrer nas mais ditas do ano, juntando-se provavelmente às crise e troika. Nada mau para um monumento que não fazia história.

janeiro 15, 2014

O sexo e a sociedade


Muito se tem escrito e falado acerca de François Hollande e da alegada ligação amorosa com uma atriz francesa que o coloca na posição de alguém indecente que trai a companheira ou esposa. Independentemente dos atributos e encantos que o presidente da república francesa possa ou não ter e dos pecados que esteja a cometer, a verdade é que considero isto como um aspeto da sua vida privada. Dele ou de qualquer um. O que me continua a espantar é a diferença de tratamento que relações amorosas ilícitas e apimentadas, de figuras famosas ou influentes, acabam por receber dos media. Uns são atacados de forma descarada, outros nem por isso. Ou os primeiros não sabem fazê-las, o que é possível, ou os segundos estão protegidos, também possível. Continua a intrigar-me, por exemplo, que o mundo gay, de pessoas famosas ou influentes, não receba o mesmo tratamento que as relações heterossexuais recebem. A igualdade é para o bem e para o mal, assim penso. Só sabemos, a um nível coletivo, que figuras gay têm casos e com quem quando isso é assumido publicamente pelos indivíduos em questão. Affairs que poderão passar por traições, também, não será diferente. Vida privada, dizem. E está certo. Mas também se trata de vida privada quando se fala dos amores e das traições dos que são straight, para variar a palavra. Donde vem esta dualidade de critérios? Nada tenho, obviamente, contra as opções de cada um, cada um escolhe viver como quer, sabe, pode. Mas é nítida a proteção que certos grupos têm e não me refiro apenas à orientação sexual. Os lobbies são vários e o poder que detêm determina e muito a informação que sai cá para fora. Em todo o lado, diga-se, não me parece que seja algo exclusivo da realidade portuguesa, de todo. Há quem esteja muito desprotegido e há quem se abrigue sob o manto da influência e da hipocrisia. E há aqueles que só sabem destruir, dizendo quer a verdade quer a mentira. A mentira é ignóbil, a verdade, não é, há que assumi-la. Mas na frente em cujo lugar ela pertence. Ainda que possa a verdade privada dizer algo sobre o caráter, pode não dizer nada sobre o desempenho público de uma função. Pode não dizer, não digo que não possa dizer. Mas então, para ser justo e coerente, haveria - e haverá - decerto muito mais para contar, para saber e para avaliar. 

janeiro 14, 2014

Objetivo e ilusão

Eu cá diria que o sonho enquanto objetivo e força motriz que induz à ação é bom. E diria que o sonho enquanto ilusão que turva a realidade é mau. Pragmatismo e idealismo não podem ser incompatíveis.

                        

janeiro 13, 2014

Tortura obrigatória

                     

Não me interessa comentar a proposta da juventude centrista sobre a redução da escolaridade obrigatória, não em termos políticos, diga-se, e dissertar sobre os possíveis objetivos de tal proposta. Agora, como professora de alunos, muitos alunos, com mais de 15 e menos de 18 no ensino básico tenho apenas a dizer o seguinte: é penoso, para discentes e docentes, ver alunos contrariados e que manifestamente não gostam nem querem estudar arrastarem-se pela escola e mandriaram nas aulas e que só estão à espera, alguns, de completar 18 anos para se porem a andar da escola para fora. Assumidamente. Não trazem material, não fazem rigorosamente nada, chegam atrasados e mantêm-se apenas na escola e nas aulas, não em todas em abono da verdade, porque a CPCJ (Comissão de Proteção a Crianças e Jovens) está em cima deles e das suas famílias. Com o esforço acrescido - e maioritariamente inglório - que os serviços de psicologia das escolas têm com isto, os diretores de turma e mesmo os tribunais, se a coisa for mesmo complicada. 
Há alunos que já têm emprego assegurado nas empresas de familiares. "Faltam quatro meses, professora." E assim perturbam as aulas, espalham o mau comportamento e o desinteresse ao resto dos que lá estão e ainda querem fazer alguma coisa. Assim vamos, indo muito pouco. Só quem trabalha em escolas de elite ou quem desconhece completamente a realidade na sala de aula - e as realidades socioeconómicas ou culturais por detrás dos alunos -  é que pode concordar com uma lei absolutamente contraproducente. O saber desta rapaziada é mínimo, zero, abaixo de zero, muitas vezes. Ninguém aprende contrariado. Também nem todos têm as mesmas capacidades, a mesma curiosidade ou o mesmo background familiar. E a verdade é que nem todos podem ser doutores, sob pena de desaparecerem ofícios muito dignos e úteis em qualquer sociedade.
Seria muito bom que toda a gente soubesse muito, gostasse de aprender muito, chegasse muito longe ( e mesmo isto é relativo). Mas é preciso poder e querer. E não podendo ou não querendo, é impossível. Torturantes as aulas para este tipo de alunos, torturantes as aulas para os colegas mais novos que ainda querem aprender e tirar uma qualificação, ainda que não alta, torturantes as aulas para os docentes que têm de apresentar resultados e sucesso a toda a força. "Faltam quatro meses para fazer 18 anos", escuto diariamente Até lá, tanta água passará ainda debaixo da porta da sala de aula. 

janeiro 12, 2014

Agradece-se resposta(s)


Cada vez que vejo as notícias na televisão vejo um rosto de um/a jornalista novo/a. Sobretudo nalguns canais. Como é possível surgirem novos rostos (e caras bem novas) a toda a hora? Para onde vão os jornalistas televisivos mais velhos? Porque não resistem os nomes experientes por anos e anos a fio como se passa lá fora? Donde vem esta obsessão com os rostos cada vez mais jovens? Isto chateia-me. Revolta-me. Arruma-se com a experiência porque as rugas e os cabelos brancos não vendem? Mas o que se espera vender com a informação? Não será a informação mais rigorosa e mais qualitativa quando é fruto da sabedoria e experiência de uma vida? E não será a notícia e o seu conteúdo mais importante do que um sorriso rasgado ou uma carinha fresca? Porque não temos nós neste país jornalistas em prime time que já não são jovens? Porque não respeitamos - e celebramos - os anos a mais e tudo o que eles significam? Porque não fazem história no pequeno écrã os nomes conceituados que se teima em colocar na gaveta? O que se espera com este culto da imagem, da juventude eterna e da novidade a todo o custo? Elucidem-me, vá.

janeiro 11, 2014

Grandes


Os filmes clássicos do século XX desapareceram da pradaria televisiva. De tal modo que as gerações mais novas não os conhecem. Nem os filmes nem os seus intervenientes. Excetuando talvez Marilyn Monroe, cujo marketing pós-vida continua a faturar e ao mesmo tempo a dar a conhecer a sua imagem, não há ideia sobre quem foram os atores e atrizes do cinema clássico norte-americano do século passado, sobretudo antes dos anos oitenta. Eu passei muitas tardes em garota a ver esses filmes - e também noites, mais tarde, pela madrugada adentro. Mas este conhecimento dos "filmes antigos", por vezes, deixava-me envergonhada porque as pessoas da minha geração com quem me relacionava não detinham essa área de saber, estavam mais ocupadas com outras coisas, outros gostos, até outros divertimentos. Tanto assim era que às vezes fingia não saber os nomes para não ser vista como uma "alien". Na verdade, sabia-os, e esse conhecimento estendia-se também a algum cinema europeu, através da televisão, revistas e livros, muitos dos quais ainda tenho em casa. Na universidade, encontrei uma colega que comungava do meu gosto pelo cinema e tornámo-nos amigas. Ela continuou a cultivar esse gosto e esse saber até aos dias de hoje, mais leitora e caseira do que eu. Eu perdi o fio à meada da história do cinema há algum tempo, sobretudo depois da maternidade e de outras coisas chamarem a minha atenção e reclamarem o meu tempo. Hoje em dia, talvez não visse estes filmes com os olhos dos outros tempos, à falta de outros canais na época e à abundância de estímulos variados que existem atualmente. O meu tempo ou, melhor, disponibilidade para o cinema é pouco, mesmo em casa. Mas a verdade é que estas fitas antigas ajudaram-me a crescer de uma forma mais rica, ainda que se mais interior. O cinema é, curiosamente, uma grande experiência interior, semelhante a outras atividades mais viradas para o pensamento e a imaginação. Dos nomes grandes que fizeram essa história do cinema persistem poucos na memória coletiva das gerações mais novas. Muito poucos. É pena. É pena que as televisões tenham erradicado a magia da tela de outros tempos, que não revisitem os espaços e as figuras que marcaram épocas, que não perpetuem o nome de gigantes que não deveriam nunca apagar-se da posteridade.


janeiro 10, 2014

Coisas mais do que comuns


Ontem apanhei um programa sobre um jovem anorético israelita. Apanhei-o já a meio e não pude ver o final porque tive mesmo de sair. Estava realmente interessada na história, porque se tratava de um problema que é mais usual nas raparigas e porque me mostrava um drama individual, comum a tantos outros, num país de onde só nos chegam imagens de violência política e territorial, disfarçada de religiosa, e desta forma, imagens de soldados, de armas, de arame farpado. Apesar da experiência de vida retratada não ser feliz, a verdade é que mostrava pessoas comuns, com problemas do quotidiano, tocantes, humanos e que nos aproximam uns dos outros. 
Da mesma forma, via mais tarde no mural do FB fotos da raínha Rania à conversa com jordanos a propósito de uma causa qualquer. Nessas fotos entrevia-se um mundo diferente daquele que os media continuamente nos oferecem dos países árabes. Ao invés das bombas e dos terroristas, das armas em punho e das bandeiras queimadas, do hijab ou niqab, o que se via era uma visão de elegância, convívio, conforto, beleza até, tanto nas pessoas como no espaço e na decoração. Tão invulgares estas imagens, a deixarem-nos ver que também há tanta coisa boa por aquelas bandas.
Se a riqueza não abunda na maior parte dessas populações, é um facto, não deixa de ser verdade que há margem para a modernidade e o lado bom da vida emergirem, que as pessoas almejam o mesmo, que a qualidade de vida nada tem a ver com uma religião ou cultura que se professe ou a que se pertença. 
Concluí que a política, as governações, as desigualdades económicas e sociais estão por detrás de muita miséria, desespero e violência. Mas que estas não sejam apenas e sempre o estereótipo daquelas paragens. A visão é redutora e injusta. Nada como ver para além do habitual. Do padronizado e do imediato. Ou, se preferirmos, do óbvio.

janeiro 09, 2014

Entregues


Na altura achei bem ser uma mulher a tornar-se a figura número 2 do estado português, mesmo não sendo eu da cor política que ela representa. Sim, porque apesar de tanta igualdade na lei, a mulher em Portugal é pouco tida e achada em posições de governação e altas chefias estatais. Também parecia ser - e pode ser - uma figura simpática, de sorriso fácil, contrapondo-se ao cinzentismo rígido e algo anacrónico da figura número 1 do país. Tem, no entanto, caído em algum descrédito, e de forma frequente, com frases infelizes, pretensamente cultas mas, na verdade, profundamente ridículas. Desta forma, esta loura, a fazer jus ao injusto epíteto ligado à cor do cabelo, poderá ser mais do que distraída. E assim sendo, e pior, as figuras número 1 e 2 não são nada abonatórias em relação a pensamento e, sobretudo, comunicação inteligente e sensata. Ou em relação a eficácia governativa. Na verdade, desta forma e assim sendo, estamos mais do que entregues à bicharada. 

janeiro 08, 2014

Ponto a ponto enche a bloguista o post

             

1. Estou rendida à fisioterapia. E às pessoas que aliviam as nossas dores e nos devolvem à vida normal.
2. Não estou ofendida com o luto por Eusébio, de longe. Não é um homem da cultura, certo, mas nem todos podem ser. Era - é - um símbolo de Portugal, clubismos e intelectualismos à parte. Compararem-no a Mandela, contudo, não. Não comparemos o incomparável.
3. O meu CEF 35 hoje conversou em demasia mas acabei por me rir, ao menos houve e há cada vez mais bom ambiente. Nada mau. E quando não podes vencê-los junta-te a eles, num dia pouco habitual de maior brincadeira.
4. A praia onde vou desde criança, uma delas, a 5 minutos do local onde vivo agora, ficou sem o seu areal. Ondas brutais arrasaram bares mas o pior é o longo tapete de areia branca e fina que se foi.
5. Na Tunísia foram aprovados por larga maioria dois pontos essenciais para a sua nova constituição: igualdade entre homens e mulheres em todas as esferas e declaração do estado laico, ficando a religião a cargo do povo, cada qual escolhe a que quer ou não quer (há ateus nestes países, para que conste). Caso único em países árabes de matriz muçulmana.
6. As festas passaram e algum alívio surgiu porque os dias são, apesar do regresso ao trabalho desafiante e intenso, mais livres e meus. A canseira coletiva chega uma vez por ano.
7. Não raras vezes os pais telefonam para os filhos em plena aula. Ou não sabem o horário dos mesmos - coisa estranha a não ser que se tenham muitos em idade escolar - ou insistem num comportamento errado que prejudica a aula e que depois não lhes dá nenhum direito para criticarem um professor em determinadas áreas. 
8. Há pessoas que nos alegram os dias. Virtuais ou reais, ajudam-nos a reconciliarmo-nos com o mundo e os dias que nos parecem matar. E é bom quando não são assim tão poucas.

janeiro 06, 2014

Trabucar para manducar

                                    
                            

A maior parte das pessoas tem um certo pudor - como se fosse pecado ou algo do género - em admitir que trabalha para ganhar dinheiro. E a maior parte das pessoas trabalha para ganhar dinheiro. Está bem, há a paixão por aquilo que se faz, a satisfação profissional, a realização pessoal, o desafio ao talento, o sentimento de ser útil, a vaidade e brio de cada um, a socialização saudável, a ideia de contribuir para a sociedade e para a evolução do mundo, uma panóplia de justificações, válidas e verdadeiras, que servem para cada um de nós, se não todas, uma ou algumas. Mas tirem-nos os salários, as remunerações, o ganha pão, o vil papel e veremos quem se mantém na fileira do emprego. Deixemo-nos de historietas. Trabalhar para aquecer é apanágio ou de mentirosos ou daqueles que realmente não precisam de dinheiro algum. 

janeiro 05, 2014

O melhor dos melhores


Cristiano Ronaldo vai ser condecorado pelo PR. E parece que há uma carta que lhe foi dirigida, não sei se apenas nas redes sociais ou não, em que lhe pedem para refutar a honra. Que o deve fazer se se considera português é mais ou menos o que lhe é pedido. Não faço ideia de quem partiu esta iniciativa nem quantos aderiram ou concordam. Pessoalmente penso que ninguém pode exigir algo deste género baseado no sentimento de ser português, deixando alguém de o ser porque não faz o solicitado. Tem direito ao prémio, merece-o, gostando ou não de futebol e apreciando ou não o jogador (confesso que a sua recente definição de mulher perfeita, "corpo espetacular e beleza", só o fez descer pontos na minha escala de valores mas também não deve ser seguramente o único). Obviamente que se o fizesse de livre e espontânea vontade (tantos outras figuras nacionais e mundiais já refutaram prémios) registaria uma atitude superior, de sensibilidade social e solidariedade nacional, mas também devemos não esquecer que CR não é uma figura engagé, a sua ´arte´ está acima de elitismos sociais ou intelectuais, é apenas um grande jogador que concentra em si todas as atenções, veio do nada e chegou longe, personifica uma espécie de sonho mais que americano porque global, houvesse muitos como ele e o mundo seria mais feliz. Por mim, CR vai aceitar, e com satisfação, o prémio e nós satisfeitos estaremos não porque quem entrega o prémio é o PR de quem claramente não gostamos mas porque é um prémio português para um português que leva o nosso nome muito para além das nossas fronteiras. 



Adenda: Agora escuto que faleceu Eusébio, o maior de sempre, também em humildade, simplicidade e serena afetividade. Não consigo travar uma tristeza em mim pelo jogador, homem e símbolo que se foi para sempre. Se Cristiano lhe dedicar o prémio ficarei - ficaremos? -  um bocadinho mais feliz com essa condecoração. 

janeiro 02, 2014

Vendas novas


Fenómenos musicais - e comerciais - como Rihanna, Beyoncé e outras parecidas passam-me completamente ao lado. Assim como passaram sempre Mariah Carey (não, não gosto do "All I want for Xmas is you") e semelhantes companheiras de geração (com exceções, gosto de Anastacia, por exemplo, já a vi no Rock in Rio, inclusivamente). E como me passaram e passam outros cantores que nada me dizem, independentemente da idade, geração, género ou estilo musical até. Mas a propósito das novas cantantes. O que me faz alguma espécie é ver Rihanna, Miley Cyrus e Lady Gaga, ou outra qualquer do género, seja em concerto seja em vídeo (ver, não vejo mas de vez em quando lá aparecem na televisão e apanham-se desprevenida). É que a música, a ser boa, ainda se podia ouvir mas ver é que já não. Ainda assim, pobre será a música quando precisa do resto - e que resto - para vender.