dezembro 28, 2012

Loucos por compras



Geralmente, não apanho grandes confusões nas compras natalícias. Faço grande parte das minhas compras numa lojinha em particular, fora do centro de Aveiro, e depois, para as crianças, nas lojas de brinquedos em centros ou complexos comerciais também fora do centro da cidade. Não escapo totalmente ao trânsito mas consigo evitar as enchentes nas lojas, que é, na verdade, aquilo que mais me incomoda. Pois quando vejo filas para pagar e filas para os embrulhos e filas para estacionar nos parques subterrâneos entro logo num desespero que me faz odiar compras e lojas e montras e amaldiçoar esta época. 
Hoje, convencida de que tudo estaria mais tranquilo, saí para procurar uma peça específica de roupa para uma ocasião também específica já no sábado. Puro engano. Comecei a ver muitos carros na estrada e filas nos semáforos e começou a dar-me um calor. Tipo apetece-me voltar para casa e para a tranquilidade da minha zona. Mas continuei porque estava apertada de tempo. Quando cheguei ao centro comercial do centro da cidade, por entre filas e mais esperas, não havia lugar no parque de estacionamento. Comecei logo a questionar o que fazia toda a gente na rua. Afinal eu também estava mas eu estou de férias, caramba. As escolas fecharam. E os outros? O que faz esta gente toda que parece estar igualmente toda de férias? São todos professores? Adiante.
Enquanto cogitava nisto e desejava que não precisasse da tal peça, dava voltas ao parque, voltas e voltas, e lá vi então que se descesse ao piso -2 (que nunca recordo porque 99% das vezes não preciso de usar) poderia arranjar lugar. E assim foi, lá havia ainda uns lugarzitos. Subo as escadas rolantes e eis-me no Forum. Meu deus, que é isto, tanta gente, a meio da tarde, e todos com sacos na mão. Então o natal ainda não foi? Uma azáfama incrível, até me iam dando tonturas. Entrei numa loja conhecida, estava caótica e ainda não tinham começado os saldos. Mas estava tudo tão remexido e era tanta a confusão que dir-se-ia que sim. Experimentei umas peças e no fim escolhi uma. Estava um calor desgraçado. Não entendo como têm as lojas as temperaturas que têm, completamente desfasadas das temperaturas exteriores e das roupas que por causa delas vestimos. Quando me preparava para pagar olhei para a caixa e vi um número assaz assustador de pessoas. Assustada, pois, deixei a peça pendurada e, sim, vim-me embora. Saí porque não tenho espírito para a coisa. E lá ia pensando que muito se fala de crise mas que as lojas estavam cheias como se das vésperas de natal se tratasse. É bem verdade que fora dos centros comerciais o comércio morreu nesta cidade (e acredito que em muitas) mas também não é mentira que as mecas do consumismo continuam bem alimentadas, especialmente as lojas de marca e de roupas de marca. Lá praguejei interiormente contra isto e aquilo relacionado com o ato de comprar.
De volta para casa, parei num pequeno hipermercado - quer dizer, esta cadeia tem hipers bem grandes mas este é só um mini - à procura de uma caixinha de chocolates para dar a um miúdo com quem o meu pequeno iria brincar no dia seguinte. As prateleiras onde tinham estado estavam completamente modificadas - só se viam garrafas de cerveja, de marcas diferentes. Perguntei à funcionária onde estavam os chocolates. Ai, já não está nada nas prateleiras, agora é para a passagem de ano. Devem estar aí nuns carros. Encontrei os carros mas não havia nada direcionado para crianças. Tinham recolhido tudo, pois a passagem de ano não pode esperar. Quando vos fiz pensar que gosto do natal, é dentro de portas, tá? A consoada, a mesa, o convívio, a alegria dos pequenos, o prazer de dar, o espírito familiar, as luzinhas das árvores a piscarem e a magia adjacente à quadra. Porque fora de portas, meus amigos, é um desatino. O comércio e o marketing e as enchentes são mesmo de chorar ... por menos. 


(Se é homem e conseguiu ler até ao fim dou-lhe os meus parabéns. Tinha de dizer isto.)

10 comentários:

  1. Bom dia Fátima. Ora deixa cá ver: sou homem e li até ao fim, qualificando-me assim para receber os seus parabéns. No entanto, tal causa-me alguma estranheza pois experimentei um grande prazer a ler este seu texto. Porventura será esta uma das razões porque gosto de ler o que faz: extraio prazer e, cereja em cima de um bolo, ainda me dão os parabéns. Um abraço e um grande fim de semana.

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    1. Ahhhh...que bom saber que gosta, José, que belíssimo comentário:) Mas a cerejinha é ter leitores que nos mimam, isso sim.:) Boa continuação e bom ano, já agora.

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  2. Não estava à espera de outra coisa! Primeiro, é a loucura das compras na véspera de natal e depois chega a "Black Friday" antes de sexta-feira. É de loucos! Apesar da crise, ainda vai havendo algum dinheiro. Infelizmente, esta realidade dá luz verde para o gang do governo continuar a assaltar as nossas carteiras. Eu não tenho saído de casa, mantenho-me no ambiente bucólico do campo... Marla

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    1. É o que fazes melhor, as multidões nas compras sufocam-me. E espanta-me que ainda persistam, com a crise (ou conversa de crise?). Portugal é surpreendente...

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  3. Somos almas gémeas amiga Faty. De certeza que somos.....

    Andreia, avessa a compras em saldos, feiras e confusões.

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    1. Ah, não duvides! :) (Ou melhor, ainda tinhas dúvidas?):) Beijos teatrais:)

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  4. Ilações dum amanhecer qualquer:
    1. Os homens não gostam de ler (nas entrelinhas).
    2. Os homens gostam de ler, desde que não implique "coisas" de mulheres. E daí tenho muitas dúvidas.
    3. Os homens chegam ao fim, ainda que pelo meio tenham deixado qualquer coisa por ler.

    4. Gosto de ler. Logo, acho que sou mulher;)E arranjei uma forma de sobreviver aos saldos, quando estou para aí virada. Mantenho-me indiferente à confusão, e evito colocar as mãos em amontoados de roupa. É que já tive a experiência de quase ficar sem uma mão, tal foi o desespero de algumas mulheres à minha volta, para conseguir uma determinada peça. Enfim!

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    1. Bem, essa de perder um membro nos saldos é digna de "Confessions of a Shopaholic", em que foi inspirado o título do post:)

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  5. É do mesmo Natal que eu adoro: em casa, em SOSSEGO!!!

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