abril 09, 2012

Luso mundo

A propósito de um post sobre cinema, escrevia uma querida amiga que "para português não está mal". Achei graça e lembrei-me automaticamente de um comentário vindo de uma colega, há vários, vários anos, quando fomos ver juntas Tentação. Dizia ela que não gostava nada de ver filmes portugueses, pois parecia-lhe que estava sempre à espera de alguma coisa não correr bem.
Não partilho. Gosto francamente de ver cinema português, acho é que é insuficiente, a produção. Quantos filmes saem por ano? Pouquíssimos, aí é que está o problema. E outro parece-me ser alguma insistência num estilo urbano pós-moderno-deprimente que nem sempre nos apetece, feito só para ganhar prémios em circuitos muito exclusivos, parece-me. Faltam, digo eu, mais filmes ao estilo grande produção, impregnados de algum classicismo narrativo e de cenários, do género A selva e O mistério da estrada de Sintra, obras (mais) recentes que muito apreciei e aprecio. De resto, gosto bastante de ver histórias portuguesas com atores portugueses, e outros, alguns são convidados para tornarem o cartaz mais chamativo e não está errado que assim o seja. Temos uma história e uma literatura riquíssimas que podem e devem servir uma sétima arte de primeira. Estou entusiasmada para ver Florbela, por todas essas razões (até porque a atriz Dalila Carmo tem um arzinho de loucura perfeitamente sedutor...).
Não devo ser a única. Na universidade, é verdade, não mais esqueci, tive um professor neo-zelandês que dizia gostar bastante da representação em português. E tenho amigos estrangeiros que dizem hoje exatamente o mesmo. Não corre nada mal, porque haveria de correr? A não ser falta de confiança no que é português, uma coisa afinal bem portuguesa. E, claro, a não ser o ritmo de produções, que reflete a falta de investimento na cultura e o marasmo do país que temos. Realmente aí corre-se muito pouco. Esse é que é, ainda, o mal das fitas.

2 comentários:

  1. Parece que estávamos em sintonia! Como sabes, fui ver um belíssimo filme português no domingo e gostei bastante da história, da representação e de conhecer melhor uma das nossas melhores e mais enigmáticas poetisas: Florbela. Apesar da falta de apoio, que obviamente condiciona a produção cinematográfica nacional, há traballhos de qualidade, bons realizadores e atores. O nosso cinema deveria ser mais conhecido/ publicitado e apreciado pelos portugueses. Também aqui vejo uma certa falta de confiança no que é nosso!
    Repito: o cinema português está de boa saúde e recomenda-se! Marla

    ResponderEliminar
  2. Dizes e muito bem. Adoro (bom) cinema, venha lá de onde vier. E o nosso não é exceção. Haja mais.

    ResponderEliminar