abril 10, 2012

Look ahead in anger

Não será difícil chegarmos a um rápido consenso ao dizermos que a raiva é um péssimo sentimento. Soa mal, não é cristão, gera mal estar, cheira a vingança, um pavoroso aglomerado de sensações desagradáveis para quem a sente por dentro e para quem sente os seus efeitos, porventura, cá fora. E, todavia, pode ela ser extremamente potenciadora. Ora bem, vamos lá olhar para a raiva hoje sob uma perspetiva mais elogiosa.
Antes a raiva do que o marasmo desencantado. Antes a raiva do que a desilusão passiva. Antes a raiva do que a tristeza incapacitante. De caras. O que se pretende, afinal, dizer com isto? A ideia é encarar a raiva como um poderoso trampolim de regeneração, de resistência e mesmo triunfo após um desaire que não se merece ou do qual uma pessoa está, tantas vezes, inocente. Se a deceção foi no campo amoroso, amistoso, laboral, artístico ou outro qualquer, então nada como uma justa sensação de raiva como a primeira instrução do manual de fulgurante sobrevivência ao terramoto. 
Por certo alguns leitores pensarão que é preciso fazer uma espécie de luto, haver ali um período de transição em que a amargura  terá de habitar os dias. Também não deixa de ser verdade, é essencial passar por uma fase menos saborosa para depois voltar a reconhecer o que sabe bem. Mas não menosprezemos o peso da raiva na recuperação determinada, no sucesso que emerge da vontade. Ela não é bonita mas é uma ótima companhia para nos ajudar a seguir em frente. Faz-nos pôr mão à obra, fazer malabarismos que nos exigem, aguentar-mo-nos lá na barra, fazer brilharetes para quem teimou em não nos aclamar.
Não queremos aplaudir a raiva, mas aproveite-mo-la (para o) bem se ela por acaso saltar.

9 comentários:

  1. Cada vez mais é necessário, cada vez menos é possível. Que raiva!...

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  2. A raiva também serve para espantar coelhos, que é do que ando a precisar neste momento, já que de amores estou bem servido :-)

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  3. :) Falei em termos mais emocionais, provavelmente, mas pode ser visto do ponto de vista social, sim senhores.:)
    Obrigada, amigos blogosféricos:)

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  4. Mesmo não sendo muito cristão tenho sentido muita raiva ultimamente, Fátima.
    Beijinho

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  5. Como te (vos) compreendo. :) Obrigada por passares por cá, querida colega.

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  6. Sempre que posso venho cá mas nem sempre comento ;)
    Beijinhos

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  7. Eu sei amiga, obrigada, o mesmo se passa quando te visito. Kisses

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  8. Sim, a raiva faz de nós "melhores" pessoas...
    Parece o verdadeiro contra senso... mas não é! Faz de nós pessoas mais autênticas, e como dizes e muito bem, projecta-nos e faz-nos ir em frente na procura de um novo momento mais feliz!
    Beijinhos

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  9. É um grande motor, sem dúvida. Retribuo, Ana. **

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