agosto 08, 2011

Elementar




Dificilmente haverá coisa de que goste mais do que explorar - passear, viajar, conhecer, absorver os locais. É quando estou no meu melhor e me sinto estimulada - nesse contacto com a geografia física (e, por vezes, humana também). Aliadas ao verão, todas as experiências de fugir da rotina sabem ainda melhor e não dão azo a preocupações, afinal é por isso que as férias também são tão apetecíveis.
De qualquer forma, nesta pequena incursão por um sul do país que já conhecia em grande parte, dei por mim a reparar em pormenores de correção linguística que teima em não vingar. Passo a explicar. Em inúmeros restaurantes, residenciais, cafés e outros ligados à área do turismo e restauração continua-se a escrever mal a preposição "à". Ou seja, por onde quer que ande ou andasse lá estava escrito "aberto das 9 ás 17h" ou "polvo á lagareiro" ou "encerrado á segunda-feira". E isto foi no sul e é aqui no centro/norte - a incapacidade de escrever corretamente a preposição "à" ou "às". Mas ninguém repara e diz alguma coisa? Provavelmente fazem como eu - vêem e indignam-se mas nada dizem. Mas, e dentro do(s) negócio(s), ninguém reconhece o erro? Bem, a verdade é que se trata de um erro recorrente e mesmo sistemático, até nas escolas (já dei por um numa repografia, por exemplo) e instituições públicas, o que ainda se revela mais grave. E locais como o Badoca Park, que visitei a semana passada, onde vão também alunos, e onde estava também registado o horário com mais um afirmativo e inaceitável "ás" (por favor, poupem-nos, não se trata de um jogo de cartas).
Mas as incorreções e desconhecimento do funcionamento da língua num nível dir-se-ia básico, se é grave em português, também o será noutras línguas. Que dizer de "keep this toilets clean", repetido nos WCs mesmo em frente ao Casino de Tróia? Sim, não consegui evitar os tiques de professora. Quando se escreve numa língua estrangeira, o cuidado deve ser o mesmo ou ainda maior - pedir-se a quem saiba para escrever com o máximo de correção. Senão, é como as instruções que acompanham os eletrodomésticos oriundos do estrangeiro- olhamos para as páginas em português e aparecem muitas coisas estranhas à nossa língua e ao sistema da mesma. Penso que deveria haver mais rigor na tradução tratando-se de lugares públicos,  essencialmente se se trata de um nível linguístico quase elementar. Não se pretende que toda a população domine a língua estrangeira por completo mas que quando a queiram registar por escrito procurem informar-se devidamente.
Quanto à nossa língua e ao indevido uso e abuso da preposição "à" ou "ás" sugiro uma ASAE linguística para ir por esse país fora corrigir o que não está bem. Tratar-se-ia de um emprego deveras agradável para quem gosta de percorrer os trilhos das estradas e ainda juntar a parte gastronómica ao conjunto da aventura... (se bem que nas escolas, hélas, também devessem aparecer). Eu cá não me importaria... e você?

6 comentários:

  1. Gostei de teres abordado esta matéria. Estamos num país básico, primário, medíocre. "Keep this toilets", "its wonderful!". Mas as con(dis)cordâncias chateiam-me mais, porque essas é que ninguém vê. "Ele é um dos que mais se preocupou"
    E sabes quando isto tudo começou? "Foi à vinte anos... maizomenos"... :)
    Boas férias!

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  2. Ah... ia-me esquecendo... Gostei muito do novo template...

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  3. Nova casa...(gostei muito!)...mas a mesma pertinência de sempre. Um texto que vem muito a propósito, numa altura em parece que anda tudo distraído e que tudo vale na ortografia ou na forma, desde que se comunique. Partilho dessa preocupação e acho uma excelente ideia a "ASAE do português correto". Gi

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  4. Fico contente por gostarem- Está td simples: o texto, porque afinal sempre estamos na silly season - e o "cenário" , mais suave e mais feminino, embora gostasse de mais umas coisitas :) que não consigo colocar. Continuem a visitar-me pois esta "casa" não resistiria sem vocês... Faty

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  5. Olha, Fatinha, subscrevo e acrescentaria tantas outras calinadas. Principalmente quando o texto é impresso, pago, publicitado é tão estranho que, pelo menos, não se olhe à correcção linguística. Luisa Alc.

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  6. Adorei o novo look do "Aefectivamente"! Parabéns! Esses erros ortográficos que se encontram constantemente na área da restauração e não só, persistem e ninguém se parece importar com eles... É pena! Numa altura em que muitos se indignam e se insurgem contra o Novo Acordo Ortográfico, a prioridade deveria ser um português mais correto. Isto tudo é resultado das novas oportunidades e do nível de exigência nas escolas cada vez mais baixo imposto por quem governa. Vivemos num tempo cada vez mais marcado pela mediocridade linguística... Voto a favor da ASAE linguística! Marla

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