agosto 18, 2010

As inverdades


A propósito dos incêndios deste mês, as notícias na televisão davam conta de que um quartel espera as viaturas há já uns longos três anos. O secretário de estado apareceu, então, a dizer que se tinha de compreender isso, uma vez que eram burocracias e trâmites legais que tinham que ser respeitados. Esta resposta tirou-me do sério. Em vez de afirmar que tal situação era incomportável e inaceitável, e de dizer que iria pessoalmente encarregar-se do caso, era o mínimo, na minha opinião, o senhor perspassou uma passividade incrível, a juntar a pouca vontade em resolver as situações com eficácia. A partir disto, extrapolei para conclusões bem gerais. É para mim incompreensível que as pessoas responsáveis não aproveitem os media para actuar de forma eficaz em problemas reais. Estão sempre preocupadas com a sua própria fotografia, sair bem é o objectivo primordial...

Recordemos quando há tiroteios ou situações mais violentas em bairros problemáticos. Aparece logo o presidente da junta ou de uma outra coisa qualquer a dizer que são situações raras, que as pessoas são pacíficas, que se trata de episódios esporádicos e outras tiradas que tais. Em vez de aproveitarem o enfoque dado e de dizerem claramente que precisam de ajuda e que as coisas realmente não estão bem, preferem atenuar, ocultar, na verdade mentir sobre a realidade. E assim não se resolvem as coisas, e assim não se julgam culpados, e assim se perpetuam comportamentos à espera de uma tragédia maior qualquer...

Vive-se, de facto, no país do faz-de-conta. As coisas são difusas e iludidas. A vaidade, o orgulho e o medo de perder o lugar de quem é responsável sobrepõe-se à verdade. Isto aflige-me, isto pertuba-me, isto revolta-me. Pronto, está dito.

agosto 02, 2010

IncoMODA


De vez em quando a minha relação com a moda assola-me os pensamentos. Basicamente acho que ela é péssima, ou seja, não tenho jeito para escolher roupa elegante, não tenho paciência para comprar roupa, não sei comprar quando as colecções saem, pareço tonta quando vejo muita roupa numa loja e me perco no meio de tanta oferta, bah, um terror. Porventura dir-se-ia que não, pois disfarço por vezes com uma outra outra peça mais compostinha, comprada num dia em que alguma obsessão com a imagem e vaidade pessoal também me atacaram e me levaram para o centro comercial, mas a verdade é que me dá muito trabalho seguir a moda, já para não falar numa espécie de ódio que por vezes sinto em relação a esse mundo. Às vezes penso que tenho alma de hippie, pois irrita-me que alguém dite aquilo que tenho que vestir ou não me e ainda por cima o faça frequentemente, ao sabor de uma estação, assim como me dana o facto de me apetecer agora comprar roupa de praia e já não haver nada pois os saldos já levaram tudo porque a nova colecção é que já impera e exibe-se nas montras e nos escaparates das lojas. Mas eu sinto calor agora, penso eu. Não me apeteceu comprar nada leve antes porque ainda estava frio, bolas. Raios para o system da moda. E ainda por cima não poder comer bolachas para caber na roupa. Raios para isto tudo, ser mulher é uma trabalheira, e não serei a primeira a dizê-lo. Sou?